ou como deletar pixels brancos

ou how to clean up lineart / como limpar as linhas

no photoshop

 

  1. selecione toda a área da layer com as linhas/figura (ctrl+A)
  2. copie a seleção (ctrl+C)
  3. crie uma nova layer
  4. com esta nova layer selecionada, entre em quick mask mode (Q) *na lista das layers, ela tem fica vermelha
  5. cole a seleção (ctrl+V)
  6. saia do quick mask mode (Q)
  7. inverta a seleção (ctrl+shift+I)
  8. preencha a seleção obtida com qualquer cor

schrodinger

October 3, 2016

a história do gato que fugiu, entrou numa caixa e tinha um pão com manteiga (parte besuntada para cima) amarrado nas costas

vive? nesta dimensão? flutua?

schrodinger

que exemplo de teoria científica era aquele, da geladeira sempre acesa se o seu método de observar é abrir a porta?

(se a senhora ainda não assinou o seu exemplar de palavras doida a gente só precisa do cpf e nome, senhora)

foi rápido até, hum? uns dois anos?

(fui checar. foram quatro)

virei artista copiando outros artistas. hoje um deles tuitou “não copie o estilo dos outros! faça o seu próprio! só há um de você!”. pois também é verdade. até as minhas melhores referências não escapam de um pouco de arrogância. eu sei o que falta pra melhorar: seu personagem não sabe dançar. seu personagem não sabe fritar um ovo. esse cenário ta todo errado. esse grupo nunca usou uma bermuda na vida. todas essas pessoas são clones. você desenha mal. você escreve mal. você é um idiota e os seus balões deixam isso claro. você acha que seus leitores são idiotas. etc.

litahayata_capabete

publiquei um quadrinho (chama BETE VIVE: Jonatan). o formato é cópia de um outro quadrinho (The Hanging Tower). os brushes são de um outro artista (Jake Wyatt). BETE VIVE é bem inferior a essas duas referências (ainda!) e teve uma hora que cheguei a pensar que, tivesse capacidade, não faria nada diferente deles. mas aí pensei no público – os dois quadrinistas escrevem em inglês. têm mais ou menos a minha idade, e acho que o público da BETE também flutua nessa faixa. mas falando inglês e morando em outros países, eles são os parentes que tinham um Sega Saturn e, pqp, quem nessa rua compra um videogame que não aceita disco pirata? eu não sou da sua rua.

não devo ser nem da rua dos leitores, mas acho que a gente é meio vizinhos.

Semana passada aconteceu o Campeonato Sul-Americano de Goju-Ryu Karate-Do e o Seminário Internacional com Saiko Shihan Yamaguchi Goshi.

Aconteceram também exames porta-fechada para Dan, bruxarias e medalhas inesperadas; provavelmente muito disso tudo vai pipocar por aí durante um tempo. O que quero registrar é o ocorrido pós tudo isso.

No último dia de seminário, Mariana do pessoal do Uruguai quis sair conosco – Cláudia, que ela conhecia, e os brasileiros da Shizuoka – para beber.

Eu estava sempre andando com o passaporte. Um alemão que conheci no primeiro dia de hostel me disse “Não faça isso. Eu ando sempre com a cópia e guardo o original em um cofre, porque se o perder não saio do país”.

Quando fui me despedir do Sensei no saguão do hotel, ele olhou meu bolso e disse “seu passaporte vai cair”. Eu agradeci e tirei do bolso, fiquei com ele na mão. Saímos com os uruguaios.

Andamos três quadras pra pegar o taxi, e quando chegamos ao bar eu já estava sem passaporte. Todo mundo ficou preocupadíssimo e queriam voltar comigo pra procurar. Eu não queria que ninguém deixasse de sair, eles não queriam que eu ficasse sozinha. Os uruguaios estavam em um hostel na frente do nosso hotel, então resolvemos ligar para que eles procurassem. Ligaríamos também para o meu hotel. Ninguém tinha cartão ou saldo para ligar. Fomos a uma doceria comprar créditos, uma menina desconhecida (de Mendoza) nos emprestou o celular. Eu não conseguia falar nem inglês com o garoto do hotel, Herman deu um jeito. Nada lá. Amigos urugaios iriam procurar e retornar a ligação para Sofia, que nos acompanhava.

Bebemos e voltamos fazendo um cordão rua-a-rua pra ver se tinha caído. Não tinha, fomos à polícia. Eram três da manhã, nos deram o endereço da polícia turística.

Voltei pro hostel com a Cláudia, pra dormir e encarar o dia todo de papelada. O atendente abriu a porta e quando nos viu perguntou “Quem é Talita?”. Eu, a reserva estava no meu nome. “Vou salvar sua vida”; e apareceu o passaporte.

 

Então, à lista de agradecimentos por ter me divertido e poder estar de volta ao Brasil:

1. Junior Hellgoth, que me disse pra tirar uma cópia do passaporte
1. Cláudia Kanashiro, que marcou a saída com Mariana (?)
2. Akira Saito, que me avisou do que iria acontecer
3. o taxista, que tirou o banco e me deu o cartão com nome e número
4. a menina da doceria (não sei o nome), que nos emprestou o celular
5. Germán Pavletich, que falou espanhol com o menino do hotel
6. Sofia (?), que ligou para os colegas uruguaios do hostel
7. os uruguaios do hostel, que fizeram uma primeira busca
8. Christian Nastari, por beber comigo
9. Horácio Saito e toda a equipe de busca
10. o desconhecido (?) que encontrou o passaporte e o deixou no hostel
11. o atendente do hostel (?), que guardou e me entregou o passaporte limpo e inteiro

E a mim, que por nenhuma intenção deixei o recibo com o endereço do hostel dentro do passaporte.

Botões

August 28, 2011

Que me faltam: um na camisa branca de mangas curtas, dois no sobretudo preto, um no casaco verde e dois na calça cáqui. Ia morar com LuizFernando que sabe coser, mas não vou mais e tenho que aprender isso também; já comecei a notar nas lavagens o verso das roupas – as melhores tem mesmo a linguinha com pelo menos um exemplar extra de cada botão. Muito prudente.

Da primeira vez que saí de casa notei a falta da saboneteira. Da segunda e terceira não notei nada (eram lugares que viviam sem mim), na quarta o abridor de latas. Acho que agora é a vez do kit costura.

Pensei por um tempo que sentiria falta de uma gaveta de fármacos, mas ontem trouxe pra casa a rúcula mais cara do mundo, peixe e queijo pensando no que deles o corpo se aproveita; isto mais mel e água já me dão segurança o bastante.

 

(Como Adriano)

Comer um fruto é fazer entrar em si mesmo um belo objeto vivo, estranho e nutrido como nós pela terra. É consumar um sacrifício no qual nós nos preferimos ao objeto. Jamais mastiguei a crosta do pão das casernas sem maravilhar-me de que essa massa pesada e grosseira pudesse transformar-se em sangue, calor e, talvez, em coragem.

Ao mesmo tempo penso em ir ao cinema, mas o joelho reclama há uma semana sem que número nenhum de bananas faça efeito. No começo mantive a rotina, talvez assim sem dar importância tudo se recuperasse melhor (como as crianças quando caem e, se não encontram ninguém por perto, desistem de chorar); mas não.

 

 

Joelhos são muitíssimo sensíveis.

Marinando

August 9, 2011

moça de molho

Enquanto as coisas estão todas suspensas, entrei de molho.

Temperando um banquete.

(O comentário desse período antes tinha o nome de “Inverno da Alma”. Me corrigi antes mesmo de errar; este passou há tempos, morri de um motivo só daquele jeito longo e demorado, envenenado. Agora são essas coisinhas, essas tentativas frustradas, explosões, mortezinhas de tudo o que pode vir a ser e vai não sendo até que só sobre aquilo que tem que ser.)


U-mouth

July 18, 2011

 

Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta.

 

Nabokov – que pra ter gosto (de citar, de recitar) precisa passar do primeiro ponto final.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os cavalos da Av. 23

May 16, 2011

cavalo-galinha

No caminho que usualmente faço para ir ao Shizuoka Kenjin, passo por uma ponte com três pontos de luz: começo, meio, fim. Agora faz frio e anoitece cedo, atravesso com um bando de silhuetas encapotadas. Foi o sonho: tudo deserto. Na avenida que sempre tem carros não tinha nenhum, mas corria uma massa de penas curtas na penumbra, em passo determinado sem pressa. Eu caminhava sozinha, olhando, longe do parapeito. Na hora em que percebi o que era aquela marcha, vejo um deles no ponto de luz do começo da ponte: metade cavalo, metade galinha, um exagero descomunal dos dois medindo bem os seus 3 metros. Mais bizarro que a proporção foi o movimento: com o canto do olho o borrão que me alertou tinha aquele passinho nervoso da galinha. Quando virei de frente para ele, parou, e apareceu mais o cavalo – me olhava todo preto, inexpressivo, o poste fazia ver só as linhas dos músculos densos, o contraste marcado do pescoço até as linhas do peito, que era onde começava a mistura. Me olhava mas não deu sinal de que ia me perseguir, não sonhei terror. Eu no segundo ponto de luz não via nada do asfalto até o animal; não parecia mais longe do que é realmente, só parecia mais tempo.

Não lembro se ele fungou e cheguei a ver o ar quente pelo foco de luz, mas é com essa cena que lembrei da história quando acordei – um monstro parou e respirou pra ver o que a menina fazia. Eu é que estava no lugar errado, o grupo de todos eles marchava com algum outro propósito, algum outro compromisso naquela cidade sem gente.

Working Flango

April 28, 2011